Em um mundo onde o fugaz é favorecido pelo instagramável, uma fração dos desfiles apresentados nos convidam a demorar no sensível e contemplar as mensagens de ressignificação nas roupas, proposta alcançada pela direção criativa do SPFW N56 “Origens”.
A mulher observada na edição é emocional, natural e de espírito livre, até mesmo os tecidos da temporada refletem um caminho sem volta para a libertação e experimentação, um mergulho de autoconfiança no uso de texturas rústicas conjugadas com a leveza etérea de tecidos nobres.
As silhuetas vazadas e assimétricas expressam incompletude, e está tudo bem, pois há beleza no imperfeito – ele tem lugar no que é real.
A paleta de cores propõe sentimento de relaxamento e paz com a predominância do branco, cinzas halográficos, verdes frescos e, azuis-claros e profundos como o Anil.
O luxo silencioso permanece na temporada e desdobra-se para uma estética urbana e natural, um estilo que, mesmo sendo um movimento atual da moda, consegue ser a prova de novas tendências futuras. Uma realidade que favorece a necessidade de coleções cada vez mais transazonais em tempos de incerteza de clima.
Nos detalhes, o movimento são materializados em franjas; a conexão no artesanato de valor inestimável; os modos de existência nas diversos recortes e camadas das roupas; e no utilitário com bolsas grandes e bolsos numerosos uma indagação: com tanto espaço disponível, o que os designers querem que carreguemos ali além de coisas?
Após ser atravessados com “questionamento sobre as nossas certezas, e criarmos combinações e interpretações” o que pudemos concluir é que, tenhamos orgulho da nossa origem, seja qual for a bagagem que iremos carregar no caminho dessa transformação.
Por: Jana Salgado