O adolescente de 13 anos que matou uma professora e feriu cinco pessoas em uma escola na Vila Sônia, na zona oeste de São Paulo, tentou comprar uma arma de fogo pela internet para usar no ataque, mas não conseguiu. Segundo a polícia, ele admitiu isso em depoimento ao delegado Marcus Vinicius Reis, titular do 34º DP (Vila Sônia), onde o caso é investigado.
Ele também contou que treinava em casa um ataque a facas com a parte de uma tesoura e um travesseiro.
A justificativa que o jovem deu para o ataque, segundo a polícia, foi o bullying que teria sofrido diferentes escolas. Segundo o delegado, os colegas caçoavam da sua aparência franzina e do seu cabelo, por exemplo.
“Ele de fato tentou autorizar essa arma de fogo, fez algumas pesquisas via internet e não conseguiu de fato adquirir ou ter uma arma de fogo disponibilizada, o que certamente provocaria uma letalidade muito maior”, disse Reis.
Em um bilhete à família, ele dizia que planejava o atentado há dois anos, desse que tinha 11. Além do bullying, falou em tristeza e ódio acumulados ao longo dos anos, que ele escondia da família.
A polícia foi novamente à escola na manhã desta terça-feira (28) com a intenção de analisar a cena do crime mais uma vez e conseguir novas imagens das câmeras de segurança.
A investigação ainda não tinha, por exemplo, vídeos do adolescente entrando na escola e do ataque à professora Jane Gasperini Apergis, que foi ferida, por exemplo.
O ATAQUE
Na manhã de segunda-feira (27), o estudante do oitavo ano do ensino fundamental matou a facadas a professora Elisabeth Tenreiro, 71.
Câmeras de segurança registraram o momento dos dois ataques. O adolescente usava uma máscara de caveira, entrou correndo na sala de aula e parte para cima da professora Elisabeth, que estava em pé.
A docente, que não percebeu a aproximação do aluno, foi atingida violentamente por diversos golpes nas costas e caiu no chão.
Em desespero, os alunos tentaram sair da sala, e alguns foram atacados pelo estudante.
Um segundo vídeo mostra o adolescente atingindo outra professora. Ele desfere vários golpes na mulher, que está em pé e tenta se proteger com os braços. Duas mulheres entram na sala, e uma delas consegue imobilizar o adolescente, enquanto a outra retira a faca das mãos dele.
O aluno agressor era novato na escola. Foi transferido para lá no início de março, após uma funcionária do colégio anterior registrar um boletim de ocorrência relatando comportamento agressivo do estudante, que vinha “postando vídeos comprometedores, por exemplo, portando uma arma de fogo e simulando ataques violentos”.
Apesar desse histórico, o secretário estadual de Educação, Renato Feder afirma que a nova escola “foi pega desprevenida”. “Nesse período de permanência, a diretora não recebeu nenhum aviso e nem [teve] ciência de nada que chamasse atenção”, declarou.
TULIO KRUSE – Ontem 18:11