SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registrou queda expressiva nesta quinta-feira (2), em dia de ajustes após o feriado de Dia do Trabalho e com uma nova decisão de juros pelo Fed (banco central americano), que decidiu manter as taxas de juros entre 5,25% e 5,5%, o nível mais alto em 23 anos.
No cenário doméstico, o mercado repercutiu a decisão da Moody’s de melhorar a perspectiva do Brasil de “estável” para “positiva”. Com isso, o dólar caiu 1,52%, terminando o dia cotado a R$ 5,112, enquanto o Ibovespa subiu 0,95%, aos 127.122 pontos.
Em seu comunicado após a decisão, o banco central dos Estados Unidos, sinalizou que as taxas de juros devem permanecer mais altas por mais tempo, enquanto o país lida com uma inflação persistente.
Vídeo relacionado: Inflação acima do esperado nos EUA reduz perspectivas de cortes nos juros (AFP)
A autoridade monetária afirmou que vai adiar cortes no mínimo até o segundo semestre deste ano. O Fomc (comitê de política monetária dos EUA) disse após a reunião desta quarta-feira (1º) que houve “falta de progresso adicional” nos últimos meses para alcançar a meta de inflação de 2%.
Já o presidente da instituição, Jerome Powell, voltou a dizer que as autoridades ainda precisam de tempo para ganhar confiança no processo de desinflação, mas afirmou que considera improvável um novo aumento de juros neste ano -algo que já vinha sendo considerado pelo mercado.
“A decisão de manter as taxas inalteradas já era esperada e todos estavam atentos aos eventuais sinais indicando a propensão do Fomc para postergar o início do ciclo de cortes. A grande mudança no comunicado foi reconhecer a resistência da inflação nos últimos meses, o que será interpretado pelo mercado como a confirmação de que os juros não deverão começar a cair tão cedo”, diz Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Juros mais altos nos EUA tendem a beneficiar o dólar, e a moeda americana teve um salto nas últimas semanas justamente pela perspectiva de que os juros americanos devem continuar num alto patamar.
O mercado viu com otimismo, no entanto, a sinalização de Powell de que os juros não devem aumentar.
“Powell indicou que não enxerga possibilidades de aumento dos juros e, dentre outras falas, acabou indicando uma possibilidade grande de início de corte de juros em setembro. Esse fato animou o mercado tanto americano quanto brasileiro”, afirma Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos.
O real e a Bolsa também foram fortalecidos pela mudança de perspectiva para o Brasil pela Moody’s, em sua primeira alteração de classificação para o país desde 2018, quando ela elevou a perspectiva do país de “negativa” para “estável”.
Em relatório, a Moody’s diz avaliar que as possibilidades para o crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil são mais robustas do que antes da pandemia de Covid-19.
A agência cita as reformas estruturais colocadas em prática nos últimos governos, o que reduz as incertezas em relação à direção futura das políticas públicas do país.
“A volta do feriado refletiu uma melhora no apetite ao risco dos investidores diante da combinação de um discurso mais leve do que do Fed e da melhora da perspectiva da nota de crédito do Brasil pela Moody’s. Assim o Ibovespa recuperou os 127 mil pontos e refletiu uma alta bastante generalizada dentro da sua composição”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.