O luxo moderno surgiu no século XVIII, com o desenvolvimento técnico trazido pela Revolução Industrial e aí ganhou sua dimensão sensual, de satisfação pessoal do indivíduo – em contraponto ao instrumento de diferenciação social. ‘Precisar, não precisa’, mas quem não gostaria de ter uma bolsa Louis Vuitton e um terno Armani?
Louis Vuitton – Uma Saga (L&PM Editores, 360 páginas, R$ 79,90, tradução de Julia da Rosa Simões) é o primeiro livro da celebrada jornalista francesa Stéphanie Bonvicini publicado no Brasil. Ela atuou em grandes veículos como a France Culture e o Canard Enchaîné e publicou três livros: Amours, histoires des relations entre les hommes et les femmes; Le Sens des choses e Consolations, além de ser escultora e autora de obras juvenis.
No início do século XIX, a França era o epicentro do poder, da moda e do bom gosto, e os burgueses em ascensão precisavam de bons baús, cofres e embalagens para explorar longas distâncias e levar seu preciosos pertences por estradas precárias e viagens difíceis.
Nesse contexto nasceu em 1821, numa pequena aldeia de Jura, Louis Vuitton. Com 14 anos, maltratado pela madrasta e apaixonado pelo trabalho com madeira, sem saber escrever e quase sem dinheiro, decide tentar a vida em Paris. Viajou a pé por dois anos, sofreu horrores até chegar em Paris, onde começa a fascinante saga da marca de artigos de luxo mais célebre do planeta. Hoje a holding de luxo LVMH é o maior conglomerado de moda do mundo.
A primeira parte da obra fala do nascimento do mito (1821-1854), a segunda trata do império Louis Vuitton (1854-1870), a terceira fala da República de Georges (1870-1885) e a quarta mostra uma bela família francesa (1892-1970). O pano de fundo é a história da França e da Europa, a monarquia constitucional de Luís Felipe, a ascensão e queda de Napoleão II, a guerra Franco-Prussiana, a Comuna de Paris, o nascimento da República e as duas guerras mundiais.