Centenas de foguetes foram lançados, na noite de quarta-feira (10), da Faixa de Gaza contra Israel, logo após novos ataques israelenses, elevando a 25 o número de palestinos mortos em dois dias, na pior escalada da violência em meses. Os palestinos confirmaram a morte de Ali Ghali, liderança das Brigadas al-Qods.
Por volta das 21h locais, no entanto, houve novos disparos de foguetes a partir de Gaza. “A resistência palestina continua atacando as cidades” israelenses, afirmaram as Brigadas al-Qods, braço armado da Jihad Islâmica.
Essas declarações respondem ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que afirmou em pronunciamento na TV: “Estamos no meio da campanha contra a Jihad Islâmica”.
As Brigadas al-Qods anunciaram já na quinta-feira (11) a morte de Ali Ghali, “comandante da unidade de lançamento de foguetes”, em um bombardeio no sul da Faixa de Gaza.
Desde o primeiro lançamento de foguetes, no começo da tarde, sirenes de alerta soaram nas localidades israelenses em torno da Faixa de Gaza, mas também até Beersheba, no leste, e Tel Aviv, no norte.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “muito preocupado” com a escalada da violência, segundo um porta-voz da instituição, que afirmou que a ONU quer se assegurar “que não haverá mais uma escalada” na região.
A Liga Árabe, que realizou uma reunião extraordinária sobre o tema, condenou “com firmeza os crimes generalizados israelenses”.
Abrigos
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, relatou mais de 400 lançamentos de foguetes a partir de Gaza. “Nenhum civil israelense foi ferido”, afirmou Netanyahu, que pediu às pessoas nas áreas de fronteira com Gaza que permaneçam em abrigos, já que alguns foguetes causaram danos materiais.
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A Jihad Islâmica, organização considerada terrorista por Israel, União Europeia e Estados Unidos, tem sido alvo de ataques israelenses desde a véspera.
O grupo havia prometido uma “resposta na mesma escala dos crimes contra” seu povo e seus combatentes, depois que três de seus líderes militares foram mortos em ataques israelenses que deixaram 15 mortos ontem na Faixa de Gaza, entre eles quatro crianças.
O Ministério da saúde palestino em Gaza relatou sete mortes nesta quarta em ataques israelenses, incluindo a de uma menina de 10 anos.
Quatro dos mortos hoje eram combatentes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), segundo o grupo.
Mediação egípcia
“O Egito tenta facilitar a obtenção de um cessar-fogo”, declarou à AFP um funcionário israelense, que não quis ser identificado. Em Gaza, fontes ligadas ao Hamas e à Jihad Islâmica confirmaram a iniciativa, assim como uma fonte egípcia.
A Faixa de Gaza, um território palestino empobrecido, tem 2,3 milhões de habitantes. É governada pelo movimento islâmico Hamas desde 2007 e está sob bloqueio israelense. Desde 2008, foi cenário de várias guerras com Israel.
“As pessoas em Gaza esperam o pior”, disse Monther Abdullah, que vive em Gaza. “Sinto que uma guerra se aproxima. Há tensão e medo, seja aqui ou lá (em Israel)”, declarou o homem, de 50 anos.
População tensa
Os habitantes da região do enclave palestino se refugiaram em abrigos e as escolas foram fechadas em um raio de 40 quilômetros ao redor do território, segundo a rádio pública israelense.
Amos Guetta, de 58 anos, morador de Askhelon, disse que estava “angustiado e satisfeito por algo ter sido feito para impedir” os disparos de foguetes.
“Estamos preparados para uma possível operação reforçada e ataques intensos em Gaza”, disse o premiê Benjamin Netanyahu em reunião com autoridades no sul de Israel.
Na semana passada, foguetes foram disparados entre grupos de Gaza e Israel, após a morte de um líder do movimento islâmico que passou mais de 80 dias em greve de fome em uma penitenciária israelense.
Na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, dois integrantes do braço armado da Jihad Islâmica foram mortos hoje durante uma incursão de Israel perto de Jenin.
Desde o começo do ano, 132 palestinos, 19 israelenses, um ucraniano e um italiano morreram em atos de violência relacionados ao conflito israelense-palestino, de acordo com um balanço da AFP baseado em fontes oficiais israelenses e palestinas.
(com AFP)