Nos últimos anos, a busca pelo corpo perfeito tem levado milhares de pessoas a apostarem em medicamentos para emagrecimento rápido. Com promessas de perda de peso acelerada e pouco esforço, esses remédios se tornaram uma febre no Brasil, mas o que muitos ignoram são os graves riscos à saúde. Médicos e especialistas alertam: a obsessão por resultados imediatos pode custar caro – e, em alguns casos, pode ser fatal.
Com a popularização de substâncias como a semaglutida (presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy), inibidores de apetite e até fórmulas manipuladas, o Brasil tem se tornado um dos maiores consumidores mundiais de remédios para emagrecer. Influenciadores, artistas e até profissionais da saúde promovem o uso dessas substâncias como um “atalho” para o corpo ideal.
O problema? Muitos desses medicamentos foram criados originalmente para tratar condições médicas específicas, como diabetes tipo 2, e não para serem usados indiscriminadamente por quem busca emagrecer sem acompanhamento adequado.
“A utilização sem necessidade clínica pode desencadear efeitos colaterais sérios, como problemas cardíacos, transtornos alimentares, desnutrição e até distúrbios psiquiátricos, como ansiedade e depressão”, alerta a endocrinologista Dra. Mariana Freitas.
Os relatos de pacientes que sofreram complicações são cada vez mais frequentes. Em casos extremos, o uso indiscriminado de remédios para emagrecer pode levar a quadros de taquicardia, arritmias, insuficiência renal e até AVC.
“A pressão estética faz com que as pessoas ignorem os sinais do corpo. Muitos chegam ao hospital desidratados, com vômitos, diarreia e sem conseguir se alimentar adequadamente”, explica o clínico geral Dr. Ricardo Bastos.
Outro ponto preocupante é a automedicação e o consumo de substâncias sem registro na Anvisa. Fórmulas ilegais, vendidas na internet ou até em farmácias de manipulação, muitas vezes misturam substâncias perigosas e sem controle de qualidade.
A influência digital tem desempenhado um papel significativo na disseminação do uso desses medicamentos. TikTok, Instagram e até grupos de WhatsApp estão repletos de relatos de “transformações milagrosas”, onde pessoas expõem suas jornadas de perda de peso extrema sem mencionar os riscos.
O problema se agrava quando influenciadores – muitos sem qualquer conhecimento médico – fazem publicidade desses remédios, incentivando seguidores a usá-los de forma irresponsável. Em 2023, a Anvisa chegou a proibir a venda de determinados inibidores de apetite, mas o mercado paralelo segue movimentando milhões.
Em vez de apostar em soluções rápidas, médicos enfatizam que o caminho mais seguro para a perda de peso é a reeducação alimentar e a prática regular de atividades físicas.
“Não existe milagre. O emagrecimento saudável precisa ser baseado em equilíbrio e hábitos sustentáveis a longo prazo. Medicamentos podem ser uma ferramenta, mas nunca devem ser a única solução, principalmente sem prescrição médica”, ressalta a nutricionista Camila Andrade.
A cultura do emagrecimento rápido está criando uma geração de dependentes de medicamentos e, pior, expondo pessoas a riscos fatais. O uso de remédios para perder peso pode parecer uma solução mágica, mas a verdade é que a conta chega – e muitas vezes, com consequências irreversíveis.
A busca por um corpo saudável deve estar atrelada ao bem-estar e à qualidade de vida, não à pressa e ao desespero por padrões inalcançáveis. Antes de recorrer a qualquer medicamento, consulte um profissional de saúde e pense duas vezes: vale a pena arriscar a própria vida em troca da estética?
Por: Redação da Gazeta