Milão, março de 2025. Na cidade onde o tempo encontra a moda e os séculos ecoam em cada esquina de mármore, a Gucci voltou a desfilar — e o fez com a força silenciosa de quem conhece o próprio nome e não precisa gritar para ser ouvido.
Era noite quando as cortinas se abriram para a coleção Outono/Inverno 2025 da maison italiana. Sem Sabato De Sarno à frente da direção criativa, muitos se perguntavam como seria o próximo capítulo da grife que por décadas redefiniu o luxo contemporâneo. A resposta veio como um sussurro elegante: o futuro pertence a quem honra o passado com sofisticação.
Desenvolvida pelo próprio estúdio de design da Gucci, a coleção é uma ode às eras que moldaram a identidade da casa. Dos minivestidos com cortes geométricos dos anos 60 aos vestidos diáfanos de seda com rendas dos anos 90, o desfile parecia atravessar décadas com um fôlego só. A silhueta era precisa, os tecidos — cetim, couro madrepérola, peles sintéticas luxuosas — deslizavam como se o próprio tempo fosse maleável sobre a passarela.
Mas o grande protagonista da noite não foi apenas o vestuário: foi o sentimento de continuidade. O icônico Horsebit, símbolo da herança equestre da Gucci, celebrou seu 70º aniversário com uma presença magnética. Surgiu em cintos cravejados, bolsas impecavelmente estruturadas, joias douradas que cintilavam sob as luzes como promessas do que está por vir.
Cada look, cada detalhe, carregava a poesia de uma história não apenas contada — mas vivida. Havia emoção nos olhos de quem assistia, como se presenciassem um reencontro. Porque era exatamente isso. Gucci, em sua transição criativa, reencontrava sua essência. E, mais do que nunca, provava que classe não se improvisa, e estilo não se abandona.
Ao final, o aplauso foi mais do que merecido. Foi reverente. Um tributo não apenas ao que foi apresentado, mas ao que foi preservado. A Gucci segue adiante. Com passos firmes, sem pressa, sem alarde. Apenas sendo… Gucci.
Para os amantes da moda, da arte, da história e da eternidade do bom gosto — esta coleção é uma carta de amor. E o desfile, uma lembrança delicada de que há marcas que não seguem tendências. Elas as criam.