Natal sempre será especial.
Para os cristãos, é o momento de celebrar o aniversário do Mestre Jesus.
Para os não cristãos, é a oportunidade de confraternizar com amigos e familiares, marcando o fim de mais um ano.
Eu sou cristã e quero compartilhar com você a história de um Natal muito especial.
Um Natal repleto de aprendizados que nenhuma faculdade poderia ensinar e de nuances que, em outras circunstâncias, eu jamais teria enxergado.

Existem momentos na vida em que a rotina se torna entediante: reclamamos do trânsito, do tempo, do frio, do calor… e seguimos.
Até que algo inesperado nos leva a cenários completamente diferentes.
Assim foi o Natal que passei com minha filha, que na época tinha 18 anos, em um hospital.
Ela havia sido diagnosticada com câncer, e eu fiquei ao seu lado no hospital, enquanto meus outros dois filhos ficaram em casa com os avós.
Calma! Não se preocupe, essa não é uma história triste.
É uma história rica em significados e cheia de amor.
Não, eu não estava alegre. Mas o amor me impulsionou a criar e a transformar aquela situação.
Saí de casa para buscar roupas e itens de higiene para a noite da véspera de Natal. Não havia escolhas ou alternativas: a realidade exigia, e a família estaria dividida.
Deixei meus filhos bem acomodados com os avós e levei para o hospital tudo o que podia – e até o que não podia – para minimizar o impacto de um Natal tão diferente.
Carreguei vestidos de festa, sapatos, maquiagens, lenços e chapéus. Com a permissão da equipe de enfermagem, transformei o corredor daquele andar em um verdadeiro desfile de moda.
Pacientes e acompanhantes que estavam em condições participaram da brincadeira. Nos suportes de soro, colocamos lenços e chapéus, simulando “damas e cavalheiros”. Dançamos, rimos e celebramos o Natal de uma forma única.
O hospital colaborou com música, e, por alguns momentos, estávamos mais felizes do que muitas famílias reunidas em casas luxuosas e mesas fartas.
À meia-noite, fomos até uma janela lateral do hospital, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, para assistir aos fogos da Avenida Paulista.
A enfermagem também contribuiu: compraram pizzas, fizeram pipoca no micro-ondas e até providenciaram refrigerantes. Quem podia comer, aproveitou; e até quem não podia acabou se rendendo à alegria do momento.
Depois dos fogos e dos abraços, recolhi tudo. Todos voltaram aos seus leitos, e as enfermeiras retomaram a rotina das medicações.
Deitei minha cadeira reclinável e dormi… mas já não era a mesma pessoa.
Foi um momento difícil, sim, mas profundamente transformador.
Aquele Natal me ensinou lições que nenhum livro poderia.
Entre tantas coisas, aprendi que:
• Mesmo em situações difíceis, sempre existem pessoas em condições ainda mais desafiadoras. E essas pessoas também podem sorrir e se alegrar.
• Reclamar do conforto da cama ou do colchão em casa deixou de fazer sentido. Naquele momento, eu estava grata por ter uma cadeira desconfortável para descansar perto da minha filha.
• Médicos, enfermeiros e trabalhadores do hospital sacrificam seus próprios Natais e feriados para cuidar dos outros. Antes disso, eu nunca havia pensado neles com a devida gratidão.
• Minha filha estava doente, e eu a acompanhava. Mas isso era o melhor que poderíamos fazer naquele momento, e éramos gratas por ter atendimento e acolhimento.
Minha filha partiu para morar com o aniversariante do Natal em 2012, aos 22 anos.
Mas o Natal continua a ser especial.
Ela me deu a oportunidade de aprender isso.
E agora, eu espero que essa história também ensine algo a você.
Feliz Natal!
Vida na sua saúde e saúde na sua vida!